Capítulo 5 - Função Quadrática

 Nesta capítulo, você será capaz de: 

  • Esboçar o gráfico de uma função de segundo grau;
  • Determinar a quantidade de raízes reais de uma função de segundo grau;
  • Deduzir a "fórmula" de soma e produto das raízes;
  • Deduzir a forma fatorada de uma função quadrática;
  • Identificar as coordenadas do vértice de uma parábola;
  • Identificar o conjunto Imagem;
  • Esboçar, de fato, a parábola;
  • Estudar o sinal de uma função de segundo grau;
  • Resolver inequações de segundo grau.

1.0 Definição

Uma função quadrática, ou função polinomial do segundo grau, ou simplesmente função do segundo grau, é toda função f de Reais em Reais dada por uma lei de formação do tipo f(x) = ax² + bx + c, em que a, b e c pertencem aos Reais e a é diferente de zero.

Veja os exemplos a seguir.

• f(x) = 2x² + 3x + 5, sendo a = 2, b = 3 e c = 5.

• f(x) = 3x² - 4x + 1, sendo a = 3, b = -4 e c = 1.

• f(x) = x² - 1, sendo a = 1, b = 0 e c = -1.

• f(x) = -x² + 2x, sendo a = -1, b = 2 e c = 0.

• f(x) = -4x², sendo a = -4, b = 0 e c = 0.

2.0 Gráfico

São necessários três pontos distintos para se obter a equação de segundo grau que deu origem à função de mesmo grau. Como ainda não conhecemos tais pontos, devemos escolher quantos pontos forem necessários para formar a "cara" da parábola. Esses pontos devem ser obtidos atribuindo valores para x aplicando na lei de formação para então obter um correspondente em y, dessa forma, teremos pares (x,y) que são exatamente os pontos.

EXEMPLO 1

Para construir o gráfico da função f: R → R dada pela lei f(x) = x² + x, atribuímos a x alguns valores (respeitando o domínio da função), calculamos o valor correspondente de y para cada valor de x e, em seguida, ligamos os pontos obtidos:


3.0 Raízes de uma equação do segundo grau

Os números reais x tais que f(x) = 0 são ditos raízes ou zeros da equação quadrática. Em outras palavras, as raízes são os valores de x para os quais y = 0, ou ainda, as soluções (se existirem) da equação ax² + bx + c = 0. Observe a demonstração:







Perceba que o lado esquerdo da igualdade é um trinômio de quadrado perfeito, e o no lado direito faremos a subtração de frações tirando o M.M.C:
 

Extraindo a raiz quadrada em ambos os lados da igualdade, temos:



Reorganizando:


Você pode fazer por partes (acredito que ajude no processo de fixação) e chamar de "Delta" o termo dentro da raiz, observe:



Veja alguns exemplos:

4.0 Quantidade de raízes

As raízes de uma função de segundo grau são os valores x para os quais y = 0, ou seja, são as abscissas dos pontos em que a parábola "corta" o eixo Ox (eixo dos x). Retomemos aos exemplos:

Exemplo 4: o gráfico da função f(x) = x² - 5x + 6 intersecta (corta) o eixo x nos pontos (3,0) e (2,0);

Exemplo 5:
o gráfico da função f(x) = 4x² - 4x + 1 intersecta (corta) o eixo x no ponto (1/2,0);

Exemplo 6
: o gráfico da função f(x) = 2x² + 3x + 4 não intersecta (não corta) o eixo x.


5.0 Soma e produto (relações de Girard)

Dada uma equação quadrática do tipo ax² + bx + c = 0, com a diferente de zero, é possível determinar o valor da soma (x1 + x2) e do produto (x1.x2) de suas raízes. Sejam x1 e x2 raízes da equação dada, vamos usar de alguns artifícios para demonstrar tais fórmulas. Vejamos:


Raiz de delta vai ser anulado, ficando:



Já o produto: 


Temos um produto notável no numerador, portanto:




Como Delta é igual a:


Substituindo, teremos:


Restando somente


Simplificando:



6.0 Forma fatorada

Seja y = f(x) = ax² + bx + c uma função do segundo grau com a diferente de zero, e sejam x1 e x2 raízes reais; então podemos escrevê-la da seguinte forma:

 ou ainda:

Sabendo que 
 
 
podemos substituir na expressão: 


Desenvolvendo:


Colocando os (x - x1) em evidência:


Colocando em evidência mais uma vez, e eis a forma fatorada.

 

Confira um exemplo


7.0 Coordenadas do vértice da parábola 

Chamemos de vértice da parábola o ponto mais abaixo dela (para a > 0), ou mais acima dela (para a < 0). Esse ponto denotamos pela letra V.  Seja V, o vértice da parábola, de coordenadas xv e yv; e x1 e x2 as raízes de uma função qualquer, observa-se que a coordenada xv (lê-se "x do vértice) é ponto médio do seguimento x1x2, ou seja, situa-se exatamente no meio das duas raízes (para o caso de Δ > 0). Veja a figura:
7.1 Coordenada x do vértice

Se xv é ponto médio dos seguimento x1x2, então é possível determiná-lo pela média aritmética de x1 e x2. Vejamos:


Sabendo que 


Substituindo na primeira expressão teremos:


2a é denominador comum, portanto, basta somar no numerador maior:


Uma fração "dentro" de outra, aplica-se, então, a regra do R.I. (Repete a 1ª e a multiplica pelo Inverso da 2ª):



Eis a coordenada x do vértice:


7.2 Coordenada y do vértice

A coordenada y do vértice é simplesmente a imagem da coordenada x do vértice, ou seja:



Como 

Substituindo:
 

Agora, substituindo na função genérica [f(x) = ax² + bx + c], teremos:


Desenvolvendo:


Tirando o M.M.C


Resolvendo:


Colocando a em evidência:


Como a é diferente de zero, podemos simplificar:


Colocando -1 em evidência:


Apareceu um termo muito conhecido nosso: Δ = b² - 4ac; ao substituir teremos a expressão para o y do vértice:


8.0 O conjunto imagem de uma função de segundo grau

É o conjunto de todos os valores que y pode assumir. Como vimos, para a > 0, tem-se concavidade voltada para cima, e o vértice limita inferiormente a função, ou seja, é ponto de mínimo. O conjunto imagem, nesse caso, é y  yv. Escreve-se formalmente:


Substituindo:

a > 0


Para a < 0, tem-se concavidade voltada para baixo, e o vértice limita superiormente a função, ou seja, é ponto de máximo. O conjunto imagem, nesse caso, é y ≤ yv. Formalmente:

a < 0

9.0 O termo independente de uma equação quadrática

O termo independente, ou seja, o termo que não depende de variável alguma na função de segundo grau foi definido como sendo o c. Na função genérica f(x) = ax² + bx + c, se fizermos x = 0, descobriremos o ponto pelo qual o gráfico intersecta (corta) o eixo Oy. Vejamos:


O gráfico de uma função de segundo grau passa sempre pelo ponto (0,c). Retornemos ao exemplo 5:

f(x) = 4x² - 4x + 1

Observe que o termo c = 1, então o gráfico intersecta o eixo Oy nesta ordenada, portando, passa pelo ponto (0,1)


10.0 Esboço da parábola (agora com os pontos mais importantes)

Aprendemos a calcular as raízes (se existirem), que são os pontos onde o gráfico intersecta (corta) o eixo Ox; aprendemos a calcular as coordenadas do vértice; identificamos o ponto de intersecção com o eixo Y. Agora temos todos os pontos ditos "mais importantes" para esboçar com mais qualidade o gráfico desse tipo de função. Exemplo:
OBS: Como vimos, quando se tem duas raízes distintas (Δ > 0), a coordenada x do vértice é a média aritmética das duas raízes. As raízes são 1/2 e 2, portanto, o x do vértice será:


Observe também que a reta que passa pelo vértice e é paralela ao eixo Oy é o eixo de simetria da parábola.

Vejamos outro exemplo:
OBS: Quando se tem uma raiz dupla (Δ = 0), esta coincide com vértice da parábola.

Mais um exemplo:
OBS: Quando não se tem raízes reais (Δ < 0), temos que escolher mais pontos; preferencialmente pontos equidistantes (mesma distância) horizontalmente do vértice para formar a "cara" da parábola.

Vejamos agora um exemplo em que se dá o gráfico da parábola com alguns pontos e se pede a equação dela:

11.0 Estudo do sinal de uma função de segundo grau

Seja f: R → R uma função genérica do segundo grau tal que f(x) = ax² + bx + c. Temos três casos:

11.1 (Δ > 0)

A função assume duas raízes reais distintas (x1  x2); e a parábola intersecta o eixo Ox em dois pontos distintos (as próprias raízes).
Observe que para a > 0, qualquer valor que tomemos para x que seja menor que x1 nos dará valores sempre positivos para y, ou seja, a função é positiva para x < x1. Note que se tomarmos valores para x maiores que x2, teremos sempre valores positivos para y também, ou seja, a função também é positiva para x > x2. 

Perceba que se tomarmos valores para x maiores x1 e menores que x2, teremos valores negativos para y, ou seja, a função é negativa para x1 < x < x2.

O contrário acontecerá para quando a < 0. Observemos:
Para a < 0, qualquer valor que tomemos para x que seja menor que x1 nos dará valores sempre negativos para y, ou seja, a função é negativa para x < x1. Se tomarmos valores para x maiores que x2, teremos sempre valores negativos para y também, ou seja, a função também é negativa para x > x2.

Se tomarmos valores para x maiores que x1 e menores que x2, teremos valores positivos para y, ou seja, a função é positiva para x1 < x < x2.

11.2 (Δ = 0)

A função assume duas raízes iguais (x1 = x2); e a parábola intersecta o eixo Ox em apenas um ponto (a própria raiz dupla que coincide com o próprio vértice).
Observe que para a > 0, qualquer valor que tomemos para x que seja menor x1 ou maior x2 (lembrando que x1 = x2) nos dará sempre valores positivos para y, ou seja, a função é positiva para x  x1 e x  x2. Note também que nesse caso y não assume valores negativos, ou seja,  0 para qualquer x pertencente ao domínio da f. 

Observe que para a < 0, qualquer valor que tomemos para x que seja menor x1 ou maior x2 (lembrando que x1 = x2) nos dará sempre valores negativos para y, ou seja, a função é negativa para x  x1 e x  x2. Note também que nesse caso y não assume valores positivos, ou seja,  0 para qualquer x pertencente ao domínio da f.

11.3 (Δ < 0)

A função não admite raízes reais; a parábola não intersecta o eixo Ox; e o sinal é o indicado nas figuras:
Perceba que para a > 0, a função é inteiramente positiva e para a < 0, inteiramente negativa.

Exemplos:


12.0 Inequações de segundo grau

Para se resolver inequações de segundo grau, basta estudar o sinal da função de segundo grau envolvida.

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